Num opúsculo chamado A Superação da Filosofia pela Análise Lógica da Linguagem, Gottlob Frege postula que toda a Filosofia, sobretudo a Ontologia, não passa de uma falácia lógica baseada numa substantização indevida de elementos essencialmente linguísticos. Dito de outra forma: a Ontologia está toda mal porque pensa que há coisas que não há. Segundo Frege, a Ontologia assenta toda ela no conceito de Ser, conceito esse que, não correspondendo a nada de verdadeiro e exeistente, não pode ser base de ciência alguma. A Filosofia, diz ele, basicamente, mais valia estar a estudar unicórnios ou o sexo dos anjos, em termos de resultados cientificamente viáveis e/ou práticos. Um exemplo que Frege dá da incorrecção do conceito de «ser»: quando se diz «está a chover», ninguém se lembra de perguntar «quem» ou «o que» é que está a chover. O estudo da ontologia é mais ou menos como fazer essa pergunta: presumir a existência de algo quando ela não... existe. Pois. A Ontologia, a sério, é uma tripe.
Ora, hoje ao almoço a senhora que estava sentada ao meu lado, que não era de Ontologia, acho que é da tesouraria, mesmo, refutou Frege e toda a escola da Filosofia Analítica de um só golpe. Ela disse:
«Hoje o tempo vai chover.»
E embrulha!