terça-feira, 21 de julho de 2009

Mas qual?





Uma pergunta que assola frequentemente a mulher de hoje, nos seus raros momentos de descanso, é: “Como posso ser mais regular?”.  Depois, quando a mulher moderna já comeu fibras de manhã durante 14 dias e tem mais tempo para pensar, pergunta-se não poucas vezes: “Se eu tivera sido uma diva, que diva tivera eu sido?”. Uma que conjuga verbos correctamente? Não sei. Mas, para descobrir, basta fazer o teste que tão gentilmente lhe ofereço, a si, mulher ou homem moderna:

 



Quando vai até à varanda:

a)    Fuma um Vogue Slim, contempla languidamente o Central Park e pensa que pedaço de património da cidade vai salvar a seguir.

b)   Dirige-se à multidão embevecida que a espera com cartazes de louvor e gritos de admiração, mostra as jóias, faz gestos bem ensaiados e pede-lhe para não chorarem por si porque a verdade é que você nunca os deixou.

c)    Dirige-se à multidão enraivecida que leva a cabeça dos seus guardas em espigões e clama pelo seu sangue, e desarma-os momentaneamente com um gesto de inaudita elegância, antes de fugir pela vida.

d)   Acena ao longe, sorri, recebe os bouquets de rosas e prepara-se para as perguntas dos jornalistas.

 

O maior insulto da sua vida foi quando:

a)    Mataram o Bobby.

b)   Você confessou àquele almirante inglês que ficara chocada quando um atrevido na multidão lhe chamou “puta” (a si, não ao almirante) e ele respondeu: “mas é natural, minha senhora, eu há anos que não ponho os pés num navio e as pessoas ainda me chamam almirante.”

c)    Já perdeu a conta, mas a falta de empatia pela morte do Delfim foi marcante.

d)   Aquela ovação condescendente no último recital.

 

O seu maior embaraço ou trauma de família é:

a)    O pai, que caiu de bêbedo antes do seu casamento e nem a levou ao altar.

b)   Quem não tem família não tem embaraços. A minha família é o meu marido e o meu trabalho.

c)    A mãe, que nunca está satisfeita consigo.

d)   A mãe, que a tenta explorar desalmadamente e diz a quem quiser ouvir que você é uma ingrata.

 

Não sai de casa, nem sequer da cama, sem:

a)    Pérolas, três fiadas.

b)   Pérolas, ouro, prata, platina, chumbo, safiras, rubis, esmeraldas, casquinha, diamantes e o que mais couber.

c)    Pérolas, no cabelo, claro.

d)   Pérolas, uma fiada, e um anel do tamanho da cara.

 

O amor da sua vida é:

a)    Os filhos e os amigos.

b)   O meu marido.

c)    The one that got away.

d)   O amante que a abandonou.

 

O seu maior medo é:

a)    Oh, a mim há muito tempo que me tiraram o medo!

b)   A solidão, nem que seja por um segundo.

c)    Falhar, desiludir aqueles que acreditaram em mim.

d)   Falhar, desiludir-me a mim mesma.

 

O seu trabalho é:

a)    A sua vida, no sentido em que a sua profissão é ser quem é.

b)   Fazer tudo o que puder pelos outros, pelo meu marido, por um bem maior, pela minha causa, e nunca parar nem desistir.

c)    Muito complicado, vago, abrangente e não sei muito bem em que consiste.

d)   Um dom e uma maldição, que traz prazer aos outros e a mim, só alivio quando não falho.

  

No instante antes de morrer, pensa:

a)    Só mais um dia.

b)   Só mais uma vida inteira.

c)    Só mais um minuto.

d)   Nem mais um minuto.

 

Arrepende-se de:

a)    Nada. No fim, tudo acabou por ser necessário. Não podemos separar o bem do mal, e talvez nem tenhamos de o fazer.

b)   Não ter feito mais, não ter trabalhado mais, não ter amado mais.

c)    Nada. Fiz tudo o que podia quando o podia fazer, e sempre com a melhor das intenções. Para ter uma vida diferente, teria de ter sido outra pessoa.

d)   Em um só momento da vida, não ter dado tudo por tudo. Mas não sei em que momento o devia ter feito.

 

 

Faça lá a sua introspecçãozinha (agora com as fibras todas que tem comido até deve ser mais fácil) e responda. A solução vem no próximo post.



 

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