sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Florilégio







Guilherme de Ockham e, mais tarde, Sherlock Holmes, diziam: «uma vez eliminado o impossível, o que resta, por improvável que seja, é necessariamente a verdade». Nesse sentido, é estatisticamente inevitável que certas coisas aconteçam. Todas aquelas coisas, por exemplo, que os nossos pais diziam que nos iriam acontecer se não tivessemos o proverbial e ubíquo «cuidado». É estatisticamente impossível que as seguintes coisas não tenham ocorrido, pelo menos uma vez, a crianças que não tiveram «cuidado»:



1 - Arrancar um olho com «isso»;



2 - Desmaiar por ler no carro;



3 - Cair e partir a cabeça por andar com os atacadores desapertados;



4 - Perder um braço/ uma mão por andar com ele/ela fora do carro;



5 - Ficar doente por comer demasiados doces ou não usar chapéu ao sol;



6 - Ter uma melancia a crescer no estômago por ter engolido uma semente.



Era, por isso, inevitável, estatisticamente, que, algum dia, acontecesse o que agora começa a verificar-se: que eu tinha razão.



Há cerca de um ano que, julgando-me em companhia de pessoas tolerantes e com um pouco de mundo, exprimi a opinião seguinte: a Floribella é sexy. Tendo em conta a torrente de risos, soluços, bebidas expelidas em choque, manifestações de espanto, gozo e desilusão que se seguiram, talvez não tivesse sido boa ideia verbalizar a opinião que servia de codicílio à anterior, vide, que a Floribella viria a ser, com o tempo, um ícone lésbico. Mantenho pelo menos que uma comunidade que entronizou a Madonna renuncia ao direito de julgar o próximo com base em critérios como uma pronúncia do Porto e meias às riscas.



Os visionários nunca são compreendidos no seu tempo. De certeza que alguém que tenha dito a Luís XVI, no dia 13 de Julho de 1789, que lhe cheirava a revolução, teria sido acusado de ter abusado do rapé. Mas há coisas que se sentem no ar, que se adivinham nos jeitos das gentes, que se vislumbram em pequenas epifanias do dia-a-dia. E, se o karma é lixado, o tempo, então, é um granda filho da puta, e desta vez provou que eu tinha razão. Ao que parece, mademoiselle Abreu fez uma requalificação mamária e apareceu recentemente na capa desse bastião de masculinidade que é a FHM, devidamente - e pouco, mas horrendamente - trajada. Ainda não é sexy, na vox populi, mas mereceu certamente a qualificação de «boa», sendo de uma bondade comparável à do cereal que cresce em espigas.



Não quero dizer «eu bem disse».



Até porque não sou assim tão visionária, só aconteceu ter visto uma sessão fotográfica que o Expresso publicou com ela, em plena febre Floribella (de onde a foto é retirada).



É deixá-los, como dizia o galo ninfomaníaco a fingir-se de morto acerca dos abutres que o sobrevoavam, pousar...

Um comentário:

Berta Cem Mil disse...

A Floribella é mesmo um ícone lésbico e até já ouvi dizer que crescia em espigas à beira da estrada, ali na zona saloia, agora com as suas belas mamocas apontadas para o céu.
És uma visionária, mulher! Eu não diria melhor...